domingo, 18 de março de 2012

Seis da tarde


Seis da tarde, hora de ir para casa, ver minha esposa e meus dois filhos. Preciso correr se eu quiser ver meu s filhos acordados, afinal, são dois metrôs, um trêm e um ônibus até nossa casa na periferia. Mês passado fui contemplado no consórcio e consegui o nosso tão sonhado carrinho, mas ainda tenho que pagar o IPVA e o licenciamento. Ainda vou ter que andar uns dois meses de ônibus até conseguir o dinheiro pra pagar tudo.

Já são sete da noite e eu ainda estou saindo do metrô para pegar o trêm. Tudo superlotado, como sempre, e cada um com sua correria. Desde que eu comprei essa botina nova não sinto mais os pisões do pessoal enbarcando e desembarcando com tanta pressa que nem percebem que o debaixo é meu. 

Oito da noite e eu estou quase em casa. O circular atrasou um pouquinho mas agora o motorista está indo à toda velocidade para recuperar o tempo perdido. Derrepente tenho a impressão de que também perdi algum tempo, mas logo esqueço no que estava pensando quando uma senhora me pede para sentar no lugar em que estou. Olho de um lado e de outro para ver se realmente não há nenhum lugar vazio para a distinta senhora sentar-se. Estou tão cansado do trabalho duro o dia inteiro, gostaria de permanecer sentado, mas me levanto e dou lugar a quem viveu mais do que eu.

Nove da noite e estou caminhando do ponto de ônibus para casa, faltam sõ mais seis quarteirões para chegar no meu pequeno paraíso. Mais uma vez tenho a sensação de que estou me esquecendo de algo, mas prossigo e rapidamente chego no meu destino, finalmente em casa. Abro a porta e meus dois filhos, Vera e Pedro, saltam do sofá e agarram-se em minhas pernas como se não houvesse nada melhor no mundo. Eu os pego no colo e os abraço com força. Minha esposa, Rosa, está lavando a louça do jantar. Deixo as crianças no sofá e me dirijo à cozinha para dar um beijinho em minha esposa. Que saudade! Ela retribui o beijo e me avisa que minha comida está na geladeira, é só esquentar no microondas. Agradeço pelo cuidado, pego uma cerveja na geladeira e vou para o quintal. Tiro a camisa e olho para o céu com uma pergunta: O QUE EU ESTOU FAZENDO AQUI?

Giordano Narada