domingo, 18 de março de 2012

DO AVESSO


Sinto...
Sinto todo o tempo...

Sinto um frio na alma que me leva a buscar fora de mim algo para me aquecer.
Mas estamos falando de alma...

Falo daquele órgão etéreo invisível, mas vital, que pulsa e repulsa minha pseudo-sanidade contrastando com a fome e o frio que a fazem encolher.

Sim, sinto o tempo todo...

Sinto fome de saber e conhecer aquilo que é o que há sendo ser.
O problema é que ainda procuro fora de mim.

Como um mendigo na porta da igreja, estendo meu chapéu e aguardo ansioso por receber de alguém aquilo que me falta. Mas quem disse que me falta? E quem disse que não me falta?

O que me falta é pão caseiro e vinho tinto suave. Pão caseiro para saciar a fome dolorida e o vinho para aquecer e alegrar o coração. Mas só sei comprar pão de padaria e o bom vinho está caro. O preço da alegria está pela hora da morte, e a morte da alma é o preço que se paga por não ter alegria.

Quero um pedaço de chão para plantar minha vinha, uma bela casinha com forno e fogão. Um abraço apertado daquela menina, sentado a mesa, com vinho e pão.

Se você é daqueles que sabem das coisas, eu sou daqueles que querem saber. Mostre-me o caminho das pedras. Mostre-me o caminho da vide, pra que eu não mais tenha que voltar ao mesmo lugar todas às vezes, eu e o meu chapéu. Mostre-me o meu caminho de dentro.

Acho que já sei como plantar uma vinha, só falta agora aprender a fazer pão...

Giordano Narada