sábado, 30 de novembro de 2013

Como "pegar mulher" na balada


Todo fim de semana é a mesma coisa nas redes sociais. O garoto falando sobre sair, beber e “pegar mulher”, e a garota querendo sair, beber e ser pega pelo garoto.

É interessante pra mim perceber que, em primeiro lugar, nenhuma mulher se deixa “pegar” por ninguém. É claro que não estou falando de meninas, estou falando de mulher. Meninas são meninas, e qualquer um com um papo mediano, ou com uma cara bonitinha, ou com um chaveiro de carro maneiro, leva. Mas mulher de verdade, não, ninguém pega.

Outro dia, conversando com um desses jovens que gostam de ir à baladas nos fins de semana para “pegar mulher”, perguntei qual era a cantada que mais funcionava pra ele. A resposta que recebi, confesso, me deixou um pouco chocado. O garoto me explicou que era só chegar perto da garota e perguntar: “quer beijar?”. Ainda não me recuperei do sentimento de surpresa até hoje.

Mulheres não são “pegas”, elas se entregam quando querem. Sim, estou falando de mulheres de verdade. Não existe um homem na Terra capaz de “pegar” uma mulher, se ela não quiser. E eu posso dizer que, por experiência própria e depois de uma boa perguntada por aí, eu descobri o óbvio. Não se encontra uma mulher de verdade na balada.

Por mais que o garoto queira acreditar que isso é possível, ou a garota queira acreditar que ela é sim uma mulher de verdade, e que um homem pode encontrá-la na balada, a verdade é que, se isso acontece, é uma daquelas exceções raras, que só se vê uma vez na vida.

Sim, porque quem vai a uma balada pra “pegar mulher”, ou para ser pega por um “homem”, não está bem. O nível de carência está tão alto que é preciso ir à caça, como animal no cio. Homens e mulheres não vão à caça, nem ficam no cio. Homens e mulheres de verdade sofrem acidentes de amor.

Ele no seu caminho, ela no dela, seguindo seu sonho, suas metas pessoais que tem a ver com a realização da Vontade, que é o potencial de cada um buscando expressão, quando por conta destes caminhos individuais, os dois se chocam. E para surpresa dos dois, o choque é tão importante que um não deseja mais prosseguir sem o outro. Não faz sentido prosseguir sozinho a partir dali. Isso não se encontra em uma balada, isso não se “pega”, e isso não é coisa de meninos.

Aí talvez alguém diga: “mas eu não vou a uma balada para encontrar o amor da minha vida, vou para me divertir, sem compromisso”. Pois é, como eu disse, nem homens nem mulheres de verdade podem ser encontrados em uma balada. Homens não usam mulheres para divertirem-se sem compromisso. Mulheres tão pouco. A não ser aquelas que já foram tão machucadas por alguns, que decidem descontar em outros achando que todos os homens são iguais. Isso é outro erro. Meninos são todos iguais, homens não.

Hoje eu tenho 30 anos, mas comecei a sair para baladas aos 13. Na minha primeira balada, fui acompanhado. Cada vez que eu ia buscar uma cerveja, beijava uma menina diferente, e depois voltava para a garota que tinha ido comigo. Foi muito legal poder falar com meus amigos no outro dia que eu “peguei 5” aquela noite. Mas eu tinha 13 anos, na época isso fazia sentido.

Depois que você cresce, vai percebendo o que é importante e o que não é. Engolir cuspe na balada, ou levar a garota desconhecida para um motel apenas para transar, sem qualquer sentimento além da questão física é, pra dizer o mínimo, infantil.

Nada se compara ao beijo, ou ao sexo feito com quem você gosta de verdade.

Quer pegar meninas na balada? É fácil! Saia perguntando “quer beijar?” até encontrar uma moça que não se valorize o suficiente, e aceite.

Quer pegar mulher de verdade? Então CRESÇA! Então descobrir que mulher não se pega, que o melhor dos mundos é quando tudo acontece sem querer, e que chega um ponto na vida que ficar junto é inevitável. É assim que vale a pena, eu acho.

Giordano Nârada

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ta faltando paz-ciência


Ter paciência é ter paz-ciência, é dominar a ciência da paz. E confesso que eu não tenho.

Apesar de estar em paz com relação a tudo o que já vivi, e estar calmo como em nenhum outro momento da minha história, tenho pouco ou nada de paciência. Digo no sentido de saber esperar. Eu não sei.

Quando eu decido fazer alguma coisa, quero agora. Se não for agora, não precisa. É claro que eu sei que tem certas coisas que tem o seu tempo pra acontecer. Um miojo pode ser feito em 5 minutos, mas uma boa picanha assada, não. E é aí que a coisa pega. Muitas vezes eu me contento com o miojo por não ter paciência pra esperar pela picanha.

Comecei a pensar sobre isso e decidi que iria dar um jeito nisso e treinar mina paciência. Mas adivinha: eu quis ficar paciente RÁPIDO!

É claro que desenvolver paciência é possível, é uma ciência, mas também tem o seu processo. E o processo para desenvolver a paciência começa com ter paciência comigo mesmo, em seguida com meu entorno imediato e depois com todo o resto. E o que tem sido mais difícil para mim é ter paciência comigo mesmo.

Tenho dificuldades em ter paciência com outras pessoas porque não a tenho comigo. Exijo muito de mim e quando erro, tenho vontade de esfregar minha própria cara no asfalto. É por isso que quando alguém erra comigo, desejo esfregar também a sua cara no asfalto.

Quem diz que errar é humano não conhece o potencial que tem. Pior ainda quem usa essa frase como desculpa. É claro que errar faz parte do processo de aprendizagem, mas ACERTAR É QUE É HUMANO! E eu quero acertar, quero muito. Mas se eu não tiver paciência para suportar o processo de aprendizagem, que muitas vezes passa pelo erro, não vou conseguir nada a não ser uma dor de estômago ou coisa pior.

Então decidi que vou ter paciência comigo. Vou errar quantas vezes for preciso para poder acertar, mas também não vou parar enquanto não conseguir. Não vou mais me punir ou entrar em crise por causa do erro, mas também não vou permitir que o erro seja em vão, e só vou descansar quando acertar.

Quis dividir isso com vocês porque sei que esse problema não é só meu. Tem muita gente lendo isso agora que também passa por isso. Mas eu descobri que a paciência é uma ciência, e como toda ciência, pode ser aprendida e experimentada na prática. Talvez não dê para ensinar isso na escola, mas podemos estabelecer algumas bases e facilitar as coisas pra todo mundo.

A primeira base que decidi estabelecer para a construção da minha paciência foi a não-reatividade, isto é, não reagir. Mas não estou falando de levantar as mãos e render-se a tudo. Estou falado de pensar antes de reagir. E se você pensar antes, vai deixar de reagir para começar a agir baseado na vontade, e não como um reflexo causado por um estímulo externo.

Muitas vezes tomamos decisões sem pensar, como efeito da decisão de alguém, mas hoje decidi que não vou permitir que nada nem ninguém defina o que vou fazer. Se for fazer algo, vou fazer porque eu quero, não porque fui provocado a fazer.

Agora, para não ser reativo sei que vou precisar ficar muito mais atento, porque as provocações estão por todo lado. Por exemplo, já há dois meses que estou tentando instalar internet em casa, mas aqui em Santa Catarina as coisas básicas são muito mais difíceis de se conseguir. Quando eu finalmente consegui que uma empresa aparentemente decente instalasse internet via rádio na minha casa, ela falhou na data de instalação e não entrou em contato para justificar. Quando os procurei no dia seguinte, fui informado pela atendente que talvez fosse possível instalar quatro dias depois do combinado. Fiquei irritado, reagi, cancelei o meu pedido. Agora, além de precisar procurar outra empresa, provavelmente pagarei mais caro. Tudo porque fui reativo ao invés de ser paciente.

A paciência pode evitar prejuízos. rs.

Um mundo novo se abre quando você começa a não reagir, mas ao contrário, agir conforme a sua vontade. E quem acompanha o que escrevo já sabe que vontade é o seu potencial buscando expressão. Portanto, reagir é calar o potencial para se tornar escravo da situação. Agir de acordo com a própria vontade, sem se deixar influenciar pelo calor do momento, é se tornar senhor da situação, e expressar seu potencial por meio do exercício da vontade.

Vamos em frente, com paz-ciência!

Giordano Nârada

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

NÃO AGUENTO MAIS!!!


Quem precisa de válvula de escape para suportar a vida, não sabe o que está perdendo.

Sim, literalmente não sabe, porque anda distraído com suas fugas da realidade, patrocinadas por quem ganha muito dinheiro em cima da ignorância de outros.

Se você precisa de uma válvula de escape, é sinal de que sua vida não está bem. Ou pelo menos não está como você gostaria que estivesse. Mas se as coisas não vão bem, por que não encarar e lutar para mudar as coisas? Se não está como você gostaria, por que não lutar pelo que você quer? Ou você não sabe o que quer?

Se você não sabe o que quer, então não é a sua vida que não está bem, é você. E se o problema está em você, como fugir de si mesmo?

A vida e matéria amorfa, aguardando receber a forma que nossas decisões darão a ela. A vida não acontece sozinha, ela é efeito da causa humana. Quem acha que dá pra viver Martinho-da-Vilianamente, deixando a vida levar, está tomando a decisão de se colocar a mercê das decisões dos outros.

A vida não leva ninguém, nós é que levamos a vida. São nossas decisões que fazem a vida acontecer.

Se sua vida não está bem e você acredita precisar de uma válvula de escape, talvez você ainda não tenha entendido o propósito da sua existência, que é transformar vida-energia em vida-consciência. É pura e simplesmente isso. Todas as vezes que você procura uma distração, você está se privando da oportunidade de adquirir consciência, ou em outras palavras, está se privando de viver.

Pense nisso.


Giordano Nârada

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Antes eu queria mudar o mundo, agora só quero uma cerveja


Antes eu queria mudar o mundo, agora só quero uma cerveja.

Depois de fazer tanta besteira tentando mudar o mundo, e depois de me tornar proprietário de uma coleção enorme de decepções, eu desisti. Parei de querer ser o dono da bola e o dono do campinho. Aliás, perdi até a vontade de jogar.

Eu fui perdendo aquela fome de vencer na medida em que fui me deparando com o mau caráter das pessoas com quem me associei. Ao mesmo tempo, fui percebendo que no mar da vida, eu não fazia o estilo tubarão. E fiquei, até recentemente, com a impressão de que só os tubarões é que ficavam por cima.

Sai de São Paulo, aquela selva de pedra com uma dinâmica implacável e com um nível de exigência em que se pode dizer que “quem faz em São Paulo, faz em qualquer lugar”, para morar em uma cidade praiana de 40 mil habitantes, no interior de Santa Catarina. Essa mudança foi incrivelmente radical pra mim. Aqui em Itapema, de uma maneira geral, não existe ninguém querendo mudar o mundo. As pessoas por aqui querem, no máximo, ter uma boa velhice.

Há quem empreenda, há quem discuta política, há quem queira melhorar, mas até agora não conheci um único morador dessa cidade que queira mudar o mundo. E isso de certa forma me fez bem. Me acalmei. Parei de correr.

Quando cheguei aqui eu não dormia. Quando tinha uma boa noite de sono, dormia 3 horas seguidas. Mas isso porque eu tinha um sentimento de urgência em mim. Era como se o mundo dependesse de mim para o seu próximo ponto de inflexão, seu próximo passo evolucional.  De certa forma eu não estava errado, mas o peso que eu vinha carregando era desproporcional. E foi tudo isso o que me fez chegar à frase que repeti algumas vezes no Twitter por um tempo: “antes eu queria mudar o mundo, agora só quero uma cerveja”.

Depois de um ano morando aqui em Santa Catarina, achei que havia sossegado de vez, mas embora eu saiba que não sou um tubarão, também não sou uma sardinha. Ver tanta gente acomodada, conformada com uma vida mediana, entretendo gente que rica que só aparece no verão. Gente boa, com potencial pra fazer alguma coisa visivelmente significativa, mas que opta por ser dona de casa, ou de abrir um negócio local para poder pagar o apartamento que comprou à prestação ou ter um carrinho melhor. Os supermercados fecham para o almoço, padarias vendem pão frio e não abrem de domingo, o shopping é um galpão com stands feitos com divisórias de escritório, o máximo do sonho de 99,8% dos moradores da cidade é um dia ter uma casa para poder alugar para turistas no verão. E mais uma série de outras coisas que não vou elencar aqui para não ficar descritivo demais, eu me irritei. Fiquei com raiva de tudo isso. E é interessante como a raiva de desacomoda.

O tempo de descanso foi muito importante, mas o desejo de fazer mais e melhor é muito maior do que a dor da decepção.

Não bebo mais cerveja. Não gosto mais do sabor. Por todo o significado que a cerveja tinha pra mim, hoje ela tem sabor de acomodação, de medo, de rancor, de mágoa, de distração, de mediocridade. Já descansei o suficiente, e já bebi cervejas demais. Ta na hora de mudar o mundo outra vez.

Não quero chegar no fim da vida, olhar pra traz e dizer: “construí várias casas para alugar e hoje tenho uma velhice confortável”. Quero deixar a minha marca no universo, quero fazer visivelmente a diferença no mundo. Não que as outras pessoas não tenham sua importância, claro que tem. Quem leu o texto anterior no blog sabe o que penso sobre pequenos gestos. Tudo é importante. Mas terminar a vida assim, não é meu caminho.

Quero chegar na reta final, na bandeirada, na linha de chegada, no por do sol da vida, na noite da existência e poder dizer...

FOI DU CARALHO!


Giordano Nârada

terça-feira, 26 de novembro de 2013

EXISTE APENAS UM DE NÓS!


Dizem que a vida é feita de pequenas coisas. Já eu, digo que pequenas coisas não existem. Obviamente não estou falando do tamanho físico das coisas, mas sim das coisas que classificamos como de pequena importância. Não existe nada pouco importante. Existe aquilo que exige de nós mais, ou menos tempo, mas TUDO É IMPORTANTE NA VIDA, para o bem ou para o mal.

Houve um tempo em que acreditei que eu só seria relevante na vida se eu fizesse alguma coisa que, diretamente, mudasse o mundo para sempre. Eu pensava que a pessoa que inventou a lâmpada era alguém realmente relevante, mas a pessoa que entrega o jornal em casa, nem tanto. Mas esse pensamento só durou até o momento em que eu percebi como todas as coisas estão interconectadas, e afinal entendi que EXISTE APENAS UM DE NÓS.

Por mais que existam mais de 7 bilhões de indivíduos no planeta, todos estes desatentos seres pertencem à humanidade (uma unidade), e cada indivíduo influencia a vida do outro, quer saiba disso, quer não. TUDO o que você faz, afeta TODO o seu entorno, e por consequência, toda a unidade humana. O fato de você ter segurado o elevador para aquela pessoa que chegou correndo porque estava atrasada, pode ter impedido uma demissão que causaria sérios problemas à família daquela pessoa. Mas não só à família dela. Talvez a empresa não conseguisse atender determinado cliente que só aquela pessoa poderia ter atendido, e esse cliente acabaria deixando de conseguir um empréstimo que poderia ter financiado o desenvolvimento do primeiro carro movido a água. Ou seja, o simples fato de você segurar o elevador pra alguém, ou não, pode mudar TODA A HISTÓRIA DA HUMANIDADE!

Percebe como não existe ação pequena?

Mesmo quando você decide não fazer nada, de fato está fazendo alguma coisa. É a ação da não ação, e isso tem influência no todo. O que você deixa de fazer interfere no fluxo de todas as coisas, tanto quanto o que você faz ativamente. Não há como fugir, tudo o que você faz ou deixa de fazer, tem influência no todo.

É como se a vida fosse uma grande engrenagem em que todas as peças, grandes ou pequenas, tem a sua função. E quando uma peça não está funcionando, a máquina toda passa a ter um problema. Alguns tem consciência disso, a maioria não. E enquanto for assim, alguns poucos, que entendem como a “máquina” funciona, dominarão a muitos.

Acho que já está na hora de aprendermos qual é a nossa função nessa engrenagem toda, mas sabemos que as coisas não acontecem tão rápido. Então, enquanto a gente vai tomando consciência aos poucos de como as coisas funcionam, vamos aprender pelo menos uma coisa:

EXISTE APENAS UM DE NÓS!



Giordano Nârada

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

O SUSTO


O sonho de se casar um dia, é o maior causador de infelicidade nos relacionamentos que já existiu.

Sim porque quem sonha em se casar, mesmo antes de conhecer a pessoa com quem vai se relacionar, está criando em sua mente um mundo em que outra pessoa obrigatoriamente terá de se encaixar. 90% das vezes, o resultado é a desilusão, e só há desilusão onde houve ilusão em algum momento. Quem não se ilude não se des-ilude.

Sabe a menininha brincando de boneca, de casinha, de ser a mamãe da bonequinha, de fazer comidinha com fogãozinho e essa coisa toda? E aquela história toda de princesa e príncipe encantado? Isso tudo é um estímulo pra que a criança aprenda a buscar por um relacionamento amoroso perfeito, ainda que ela nem tenha ideia do que é nada disso.

Qual é o sentido de pensar em casamento se você nem mesmo conheceu a pessoa com quem deseja passar o resto da vida?

Então, no período em que você deveria estar se preocupando em se conhecer melhor, saber quem você é de verdade e o que quer fazer da vida, descobrir o seu lugar no mundo e qual é a sua parte nessa bagunça toda que a gente chama de vida, você fica se preocupando em conhecer alguém que vai satisfazer todos aqueles desejos que nem são seus de verdade, mas que foram imputados em você pela cultura em que estamos inseridos.

Estamos sendo conduzidos o tempo todo como um rebanho de ovelhas inconscientes, achando que estamos em busca da realização de nossos sonhos, quando na verdade estamos só repetindo o que nossos pais fizeram ou, quando muito, lutando para fazer melhor do que nossos pais, mas não deixa de ser mais do mesmo.

Pensar em ter um relacionamento antes de ter um relacionamento é pedir pra se decepcionar. Sonhar com a mulher ou o homem perfeito, a alma gêmea, o príncipe encantado, é uma ponte de via rápida para o inferno, na maioria das vezes. A expectativa, quando direcionada a outro ser humano que não seja você, é um bicho muito traiçoeiro.

Eu penso que um relacionamento amoroso deveria ser sempre uma surpresa. Um susto bom. Um golpe inesperado no peito, que nos assusta a princípio, mas em seguida nos mostra que veio para o bem.

Ninguém deveria pensar em casamento até que casado já esteja. Digo isso porque casamento nada tem a ver com aquela cerimônia religiosa em que a moça se veste de branco, o rapaz veste terno e gravata e, diante de um sacerdote, juram amor eterno um ao outro. Isso não é casamento, é apenas um ritual religioso.

Casamento também não é contrato. O ato de assinar um papel diante de um juiz não casa ninguém. O que casa alguém é o “encaixe”.

Sabe quando você entrelaça suas duas mãos, colocando os dedos da mão direita entre os dedos da mão esquerda, fazendo parecer que é uma coisa só? Isso é casamento!

Quando você conhece alguém e se entrelaça com esse alguém ao ponto de o relacionamento se tornar inevitável, quando as coisas se encaixam de uma maneira que só um idiota não levaria o relacionamento à diante, aí sim podemos falar de casamento.

Enquanto isso não acontece, não faz sentido nenhum pensar em um relacionamento que não seja com você mesmo, desconhecido que é pra você. Sim, porque há quem tenha 30 relacionamentos na vida e ainda assim não sabe o que fazer da vida. Como você quer conhecer alguém se não conhece nem a si próprio?

Casamento deve ser o efeito inevitável de um susto de amor, que lhe pegou desprevenido, mas que agora só faz sentido viver se for acompanhado por quem lhe assustou tão lindamente.

Se ninguém assustou você desse jeito ainda, não pense em casamento. Pense em você, se conheça melhor. Para compartilhar, antes é preciso ter.


Giordano Nârada

domingo, 24 de novembro de 2013

Antes que a segunda-feira chegue


Antes que a segunda-feira chegue, e os reclamadores façam o que sabem fazer de melhor, quero explicar porque reclamar da segunda-feira é coisa de derrotado. Sim, só derrotados reclamam da segunda-feira.

Todos sabem que segunda-feira é o dia internacional da reclamação. Isso porque é o primeiro dia útil da semana, o que obriga muita gente a acordar cedo para ir ao trabalho, na maioria das vezes para fazer o que não quer e não gosta, mas porque precisa de grana pra sobreviver, vai lá e faz, mas faz reclamando.

A impressão que dá é que existe um estranho prazer em reclamar, especialmente para os reclamadores da segunda-feira. Estes são cada vez mais criativos, montam imagens, gravam vídeos, bolam textos e frases que ganham a empatia e o engajamento de milhares de pessoas que compartilham do mesmo sentimento de raiva e frustração. Para muitos, a segunda não começa antes de dar aquela reclamada básica em alguma rede social e receber pelo menos um like ou um RT, para saber que não está sozinho nessa jornada para o inferno. =/

Se você é um dos reclamadores da segunda-feira, saiba, você está agindo como um derrotado.

Sim, porque o fato de você não ter coragem de sair em busca de seu sonho e se submeter a fazer uma coisa que odeia em troca de dinheiro pra poder sobreviver, é prova cabal de que você é um derrotado, aguardando a morte como prêmio para uma vida sem sentido. E não há coisa mais sem sentido do que trabalhar para sobreviver.

Qual é o sentido de sobreviver sem viver? Que tipo de vida é essa que exige que você gaste o seu dia inteiro fazendo o que odeia, e as noites apenas se preparando, física e psicologicamente, para voltar aos mesmo buraco negro no outro dia? Isso não é viver, nem sobreviver. Isso é sub-viver, é morrer em vida.

Há um dez anos eu ouvi uma frase que, desde então, se transformou em uma regra de conduta pra mim. A frase é: “nunca reclame daquilo que você permite”. Ou você não permite, ou cala a boca.

Reclamar sem fazer nada pra mudar a sua realidade é uma completa perda de tempo, e só reforça o fato de que você é realmente um derrotado. Não há absolutamente nenhuma lógica na reclamação. Faça alguma coisa, ou enfie o rabinho entre as pernas e volte à corrida de ratos.

Hoje mais do que nunca, é possível fazer o que gostamos de fazer e ainda ganhar dinheiro com isso. Com a Internet a todo vapor, ferramentas de apoio gratuitas, vasto material gratuito de todo o tipo e muita gente ensinando e apoiando praticamente sobre qualquer coisa pela web, fica praticamente impossível que alguém decida seguir seu sonho e não consiga alcançá-lo. Mas ainda que não tivesse nada disso, perseguir o sonho e não descansar até alcançá-lo deveria ser a obrigação de todo o ser humano na Terra. Isso deveria ser ensinado nas escolas, deveria ser aprendido em casa, vendo os pais fazendo o mesmo. Mas infelizmente ainda não é assim. Eu disse: AINDA!

Na próxima segunda-feira (ou seja lá em qual for o dia que você estiver lendo isso), tome a decisão de não ser mais um reclamador derrotado. Levanta a cabeça, estufa o peito e vai em busca do seu sonho. Não dá pra largar tudo agora? Não tem problema. Dê um passo de cada vez, mas sem essa energia negativa toda que a reclamação traz.

Não reclame, mude as coisas.
Ótima segunda!


Giordano Nârada

sábado, 23 de novembro de 2013

A JORNADA DO PEREGRINO


Não se encontra o equilíbrio sem conhecer os extremos, e não se conhece os extremos sem correr o risco de não voltar de lá.

Cada peregrino tem sua jornada, e cada jornada tem o seu tempo, seu ritmo e seu propósito. Nem sempre o propósito é chegar a algum lugar, e às vezes, chegar é o que menos importa.

Desertos conhecem extremos. De dia, sol escaldante, de noite, frio congelante. E são estes mesmos desertos que recebem os peregrinos, que quase sempre não passam no teste, por não saberem lidar com extremos. Toda a existência se trata disso: extremos.

Bem e mal, feio e bonito, forte e fraco, rico e pobre, luz e trevas. Cada um destes pontos é um extremo de uma só coisa, e um não existe sem o outro. No dia em que o mal deixar de existir, o bem também deixará, porque são apenas um, não dois. Mas o caminho do meio existe.

A Jornada do Peregrino é o perambular por extremos até encontrar o equilíbrio entre os dois. É descobrir entre os sons, o silêncio; entre as paixões, o amor; entre os desejos, a vontade. É a missão do Peregrino equilibrar-se entre os extremos. Falhar nesse trabalho é o que nos faz conhecer a palavra sofrimento.

A tristeza é como areia movediça, e a alegria como um canto de sereia. As duas são armadilhas da existência, distrações do que é a nossa real missão.


Conheça os extremos sem medo, mas não se apaixone por eles também. Nem alegria, nem tristeza; nem luz, nem trevas; nem prazer, nem dor; nem perdão, nem rancor. Quem encontra o caminho do meio, encontra a si mesmo, e descobre que isso basta.

Giordano Nârada

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

MARCAS NA VIDRAÇA

Existem muitas maneiras de se contar uma história. E dependendo da maneira que você escolhe contar esta história, ela pode ter o significado que realmente tem, ou ganhar um outro, de acordo com o objetivo, ou com o ponto de vista do contador de histórias.


Uma religião é isso. Uma parte de uma história contada por todas as religiões, crenças e culturas, acrescida do ponto de vista e do objetivo de quem conta a história.


Não vejo problemas em você contar apenas parte de uma história. Também não vejo problemas em se acrescentar o ponto de vista do contador da história àquela parte da história. Mas vejo problemas quando o contador de histórias diz que aquela parte da história é, na verdade, a história completa, e acrescenta ainda que o seu jeito de contar àquela história é o único jeito de se conhecer a história verdadeira.


A verdade está escondida atrás de uma vidraça, toda marcada com as impressões digitais dos que contam histórias à respeito dela. E já são tantas as marcas, que todas as vezes que alguém tenta enxergar a verdade, enxerga apenas os contadores de histórias. E quem se arrisca a contar a história da verdade de maneira diferente, só tem conseguido contar a história nas marcas dos dedos dos contadores de história na vidraça.


Mas isso tudo é meio óbvio pra todo mundo, eu acho. O que ainda não está óbvio é... COMO É QUE A GENTE LIMPA ESSA VIDRAÇA? OU, AINDA, COMO É QUE A GENTE QUEBRA ESSA VIDRAÇA?

Giordano Nârada

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Escrever é isso, eu acho.



Escrever é como fazer um download da alma. É condensar uma ideia. É mergulhar no oceano das emoções, dos sentimentos, do conhecimento e da experiência, e voltar à superfície com algumas porções de tesouros escondidos nos porões dos muitos navios afundados ali.

Escrever é parir. É dar forma externa a uma parte de você que, na maioria das vezes, não se deixaria ver de outro modo.

Escrever é se mostrar.

Quando eu escrevo posso criar o que eu quiser, o mundo que eu quiser, do jeito que eu quiser. Se eu quiser criar um mundo cor de rosa em que os carros voam de cabeça para baixo, eu posso fazer. Na verdade, acabei de fazer.

Quando eu escrevo, sou a própria divindade criando universos inteiros a partir do nada. E o nada, nesse caso, é a representação de uma ideia. O que me faz pensar que talvez esta seja a origem de tudo: UMA IDEIA!

O limite da escrita é o limite da imaginação de quem escreve. Nem mesmo as palavras limitam a escrita, pois caso não se encontre as palavras certas para expressar o que se deseja, é possível criá-las. Na escrita, tudo o que eu puder imaginar, eu posso fazer.

Escrever é ser um criador de universos.

Segundo Neruda, escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula, termina com um ponto final, e no meio coloca as ideias. 

O difícil é organizar as ideias.

Tenho a impressão de que toda a ideia quer ser vista. Seja escrita, desenhada, construída, executada, ou qualquer uma das inúmeras formas de se externar uma ideia. Talvez seja por isso que às vezes as coisas fiquem um tanto quanto confusas, dando a impressão de que as ideias não surgem. Talvez não seja porque elas não vieram, mas porque todas elas estejam se estapeando pra serem vistas, querendo um pouco de atenção.

Certo dia, uma ideia esbarrou em mim na rua. Fiquei bravo e gritei com ela, dizendo que ela deveria prestar mais atenção por onde anda. Alguns quarteirões depois, percebi que não foi a ideia que esbarrou em mim, mas eu é quem esbarrei nela. Voltei para tentar me desculpar e quem sabe convencê-la a tomar um café comigo, mas ela se recusou até mesmo a falar comigo, e sumiu no seu caminho, me deixando envergonhado e frustrado no meio da rua.

Ideias são temperamentais.

Escrever é fazer com que aquela ideia em que esbarrei na rua se apaixone por mim, faça amor comigo e me dê filhos, transformando uma página em branco em um universo inteiro, onde cada ideiazinha nascida dessa relação cresce, se apaixona por outra ideia, e cria uma outra ideiazinha que também vai crescer até encher mundos inteiros.

Um livro é um mundo inteiro, criado a partir de um esbarrão na rua, entre o autor e uma ideia.


Escrever é meio que isso, eu acho.

Giordano Narada