domingo, 18 de março de 2012

Minha febre...

Às vezes penso em tentar controlar o que sinto. Mas logo concluo que querer controlar o sentir é como querer arrancar-me o humano e o divino. Então, quando sentimentos indesejados explodem no peito, desejo outra vez, não ser o que sou apenas para não sentir o que sinto.

Quando dói, o que é bom perde o sentido e só o que importa é o que faz desdoer.

Me distraio com canções, leio, trabalho, fico de papo pra ver se me acho. Mas não demora e o que dói está de volta, o Ópio da alma efeito já não faz.

 Preciso de algo mais forte, quem sabe, você!

Então você diz que preciso é de mim, que a resposta é de dentro e que estou me perdendo. Olho pra dentro e encontro... Você!

Sua onipresença me assombra, seu canto me encanta e seu encanto me embriaga. No meu palco o centro é sempre seu. Abrem-se as cortinas e o que vejo é sonho e delírio de febre, que me aquece e me adoece, que me cativa e me enfraquece.

‘’Estou enferma de amor’’, grita a noiva enamorada no conto e no canto do sábio rei. Grito esse que encontra eco em meu peito, primeiro um grande alarido, depois um cansado gemido que encontra repouso no abismo que me habita, aquele que eu chamo de alma. Abismo esse que me abisma todos os dias, quando me escondo no fundo, me perco profundo, mais não de você.

Me perco em você, me perco por você, mas não de você. É assim o que assim é? Meu amor, minha dor, meu delírio, minha febre... Sararei ou morrerei?

Giordano Narada