sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Ta faltando paz-ciência


Ter paciência é ter paz-ciência, é dominar a ciência da paz. E confesso que eu não tenho.

Apesar de estar em paz com relação a tudo o que já vivi, e estar calmo como em nenhum outro momento da minha história, tenho pouco ou nada de paciência. Digo no sentido de saber esperar. Eu não sei.

Quando eu decido fazer alguma coisa, quero agora. Se não for agora, não precisa. É claro que eu sei que tem certas coisas que tem o seu tempo pra acontecer. Um miojo pode ser feito em 5 minutos, mas uma boa picanha assada, não. E é aí que a coisa pega. Muitas vezes eu me contento com o miojo por não ter paciência pra esperar pela picanha.

Comecei a pensar sobre isso e decidi que iria dar um jeito nisso e treinar mina paciência. Mas adivinha: eu quis ficar paciente RÁPIDO!

É claro que desenvolver paciência é possível, é uma ciência, mas também tem o seu processo. E o processo para desenvolver a paciência começa com ter paciência comigo mesmo, em seguida com meu entorno imediato e depois com todo o resto. E o que tem sido mais difícil para mim é ter paciência comigo mesmo.

Tenho dificuldades em ter paciência com outras pessoas porque não a tenho comigo. Exijo muito de mim e quando erro, tenho vontade de esfregar minha própria cara no asfalto. É por isso que quando alguém erra comigo, desejo esfregar também a sua cara no asfalto.

Quem diz que errar é humano não conhece o potencial que tem. Pior ainda quem usa essa frase como desculpa. É claro que errar faz parte do processo de aprendizagem, mas ACERTAR É QUE É HUMANO! E eu quero acertar, quero muito. Mas se eu não tiver paciência para suportar o processo de aprendizagem, que muitas vezes passa pelo erro, não vou conseguir nada a não ser uma dor de estômago ou coisa pior.

Então decidi que vou ter paciência comigo. Vou errar quantas vezes for preciso para poder acertar, mas também não vou parar enquanto não conseguir. Não vou mais me punir ou entrar em crise por causa do erro, mas também não vou permitir que o erro seja em vão, e só vou descansar quando acertar.

Quis dividir isso com vocês porque sei que esse problema não é só meu. Tem muita gente lendo isso agora que também passa por isso. Mas eu descobri que a paciência é uma ciência, e como toda ciência, pode ser aprendida e experimentada na prática. Talvez não dê para ensinar isso na escola, mas podemos estabelecer algumas bases e facilitar as coisas pra todo mundo.

A primeira base que decidi estabelecer para a construção da minha paciência foi a não-reatividade, isto é, não reagir. Mas não estou falando de levantar as mãos e render-se a tudo. Estou falado de pensar antes de reagir. E se você pensar antes, vai deixar de reagir para começar a agir baseado na vontade, e não como um reflexo causado por um estímulo externo.

Muitas vezes tomamos decisões sem pensar, como efeito da decisão de alguém, mas hoje decidi que não vou permitir que nada nem ninguém defina o que vou fazer. Se for fazer algo, vou fazer porque eu quero, não porque fui provocado a fazer.

Agora, para não ser reativo sei que vou precisar ficar muito mais atento, porque as provocações estão por todo lado. Por exemplo, já há dois meses que estou tentando instalar internet em casa, mas aqui em Santa Catarina as coisas básicas são muito mais difíceis de se conseguir. Quando eu finalmente consegui que uma empresa aparentemente decente instalasse internet via rádio na minha casa, ela falhou na data de instalação e não entrou em contato para justificar. Quando os procurei no dia seguinte, fui informado pela atendente que talvez fosse possível instalar quatro dias depois do combinado. Fiquei irritado, reagi, cancelei o meu pedido. Agora, além de precisar procurar outra empresa, provavelmente pagarei mais caro. Tudo porque fui reativo ao invés de ser paciente.

A paciência pode evitar prejuízos. rs.

Um mundo novo se abre quando você começa a não reagir, mas ao contrário, agir conforme a sua vontade. E quem acompanha o que escrevo já sabe que vontade é o seu potencial buscando expressão. Portanto, reagir é calar o potencial para se tornar escravo da situação. Agir de acordo com a própria vontade, sem se deixar influenciar pelo calor do momento, é se tornar senhor da situação, e expressar seu potencial por meio do exercício da vontade.

Vamos em frente, com paz-ciência!

Giordano Nârada