sábado, 23 de novembro de 2013

A JORNADA DO PEREGRINO


Não se encontra o equilíbrio sem conhecer os extremos, e não se conhece os extremos sem correr o risco de não voltar de lá.

Cada peregrino tem sua jornada, e cada jornada tem o seu tempo, seu ritmo e seu propósito. Nem sempre o propósito é chegar a algum lugar, e às vezes, chegar é o que menos importa.

Desertos conhecem extremos. De dia, sol escaldante, de noite, frio congelante. E são estes mesmos desertos que recebem os peregrinos, que quase sempre não passam no teste, por não saberem lidar com extremos. Toda a existência se trata disso: extremos.

Bem e mal, feio e bonito, forte e fraco, rico e pobre, luz e trevas. Cada um destes pontos é um extremo de uma só coisa, e um não existe sem o outro. No dia em que o mal deixar de existir, o bem também deixará, porque são apenas um, não dois. Mas o caminho do meio existe.

A Jornada do Peregrino é o perambular por extremos até encontrar o equilíbrio entre os dois. É descobrir entre os sons, o silêncio; entre as paixões, o amor; entre os desejos, a vontade. É a missão do Peregrino equilibrar-se entre os extremos. Falhar nesse trabalho é o que nos faz conhecer a palavra sofrimento.

A tristeza é como areia movediça, e a alegria como um canto de sereia. As duas são armadilhas da existência, distrações do que é a nossa real missão.


Conheça os extremos sem medo, mas não se apaixone por eles também. Nem alegria, nem tristeza; nem luz, nem trevas; nem prazer, nem dor; nem perdão, nem rancor. Quem encontra o caminho do meio, encontra a si mesmo, e descobre que isso basta.

Giordano Nârada