sexta-feira, 22 de novembro de 2013

MARCAS NA VIDRAÇA

Existem muitas maneiras de se contar uma história. E dependendo da maneira que você escolhe contar esta história, ela pode ter o significado que realmente tem, ou ganhar um outro, de acordo com o objetivo, ou com o ponto de vista do contador de histórias.


Uma religião é isso. Uma parte de uma história contada por todas as religiões, crenças e culturas, acrescida do ponto de vista e do objetivo de quem conta a história.


Não vejo problemas em você contar apenas parte de uma história. Também não vejo problemas em se acrescentar o ponto de vista do contador da história àquela parte da história. Mas vejo problemas quando o contador de histórias diz que aquela parte da história é, na verdade, a história completa, e acrescenta ainda que o seu jeito de contar àquela história é o único jeito de se conhecer a história verdadeira.


A verdade está escondida atrás de uma vidraça, toda marcada com as impressões digitais dos que contam histórias à respeito dela. E já são tantas as marcas, que todas as vezes que alguém tenta enxergar a verdade, enxerga apenas os contadores de histórias. E quem se arrisca a contar a história da verdade de maneira diferente, só tem conseguido contar a história nas marcas dos dedos dos contadores de história na vidraça.


Mas isso tudo é meio óbvio pra todo mundo, eu acho. O que ainda não está óbvio é... COMO É QUE A GENTE LIMPA ESSA VIDRAÇA? OU, AINDA, COMO É QUE A GENTE QUEBRA ESSA VIDRAÇA?

Giordano Nârada