quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

EM MEIO AO CAOS

Em meio a tragédias e becos sem saída, lápides e desonestidade, abusos e dores de estômago é que a vida acontece. Sem os safanões da vida meninos não viram homens, a tecnologia não avança, a gente não evolui nem como indivíduo nem como coletividade, enfim, a vida não acontece sem a vida como ela é.

Aliás, evolução é isso. Seja sob a ótica de Lamarck, com a habilidade humana de mudar, adaptando-se ao ambiente, seja sob a ótica de Darwin, com o ambiente selecionando os mais adaptáveis, excluindo os demais, a vida evolui. E o que provoca essa evolução é o stress, são as dificuldades e obstáculos com que nos deparamos ao longo da nossa história como espécie. É especialmente o “osso” da vida que nos obriga a crescer.
Penso que, assim como é com a espécie inteira,  como indivíduos a dinâmica é a mesma. Tipo, “o que não nos mata nos torna mais fortes”. Em cada época da vida encontramos dificuldades que em princípio parecem enormes, mas à medida que vamos nos aprendendo, as dificuldades viram experiências e os próximos obstáculos vão deixando de ser tão assustadores assim. Aí tudo fica calmo por um bom tempo até que surgem aquelas catástrofes da vida. Aquele tipo de evento que acontece poucas vezes na história de uma pessoa, mas que é suficientemente grande para determinar o rumo de uma vida inteira. É em momentos como esse que nossas vidas são decididas e descobrimos se vamos evoluir ou morrer, melhorar ou cair na obsolescência, ser mais ou tomar o trem da inexpressividade de uma existência desprovida de significado, tornando-nos gente invisível quase que até pra nós mesmos. E assim a vida vai acontecendo, no caos.
É como se a vida estivesse em busca apenas de guerreiros, não dando lugar a nada e nem a ninguém que seja frágil demais. A vida bate forte e não escolhe em quem bater, todo o mundo leva. O rico e o pobre, o novo e o velho, homem e mulher, todo mundo apanha da vida, sem exceção. Agora a pergunta que fica não é quem vai apanhar mais, mas quem vai permanecer de pé quando acabar?
De posse deste entendimento concluo que o caos é o líquido amniótico da minha existência, e antes de ser parido pela vida, para ela mesma, serei curtido no caos, como salsicha no vinagre. E quando esse parto acontecer sairei de lá com o sabor do bom combate, o cheiro da fumaça do fogo que me decompôs e a forma da fôrma do tempo, que me recompôs, mas não na mesma forma de antes.

E assim a vida segue, sendo vida em meio ao caos.

Giordano Narada
26/01/2012