Não se encontra o equilíbrio sem conhecer os extremos, e não se
conhece os extremos sem correr o risco de não voltar de lá.
Cada peregrino tem sua jornada, e cada jornada tem o seu tempo, seu ritmo
e seu propósito. Nem sempre o propósito é chegar a algum lugar, e às vezes, chegar
é o que menos importa.
Desertos conhecem extremos. De dia, sol escaldante, de noite, frio
congelante. E são estes mesmos desertos que recebem os peregrinos, que quase
sempre não passam no teste, por não saberem lidar com extremos. Toda a existência
se trata disso: extremos.
Bem e mal, feio e bonito, forte e fraco, rico e pobre, luz e trevas. Cada
um destes pontos é um extremo de uma só coisa, e um não existe sem o outro. No
dia em que o mal deixar de existir, o bem também deixará, porque são apenas um,
não dois. Mas o caminho do meio existe.
A Jornada do Peregrino é o perambular por extremos até encontrar o
equilíbrio entre os dois. É descobrir entre os sons, o silêncio; entre as
paixões, o amor; entre os desejos, a vontade. É a missão do Peregrino
equilibrar-se entre os extremos. Falhar nesse trabalho é o que nos faz conhecer
a palavra sofrimento.
A tristeza é como areia movediça, e a alegria como um canto de sereia.
As duas são armadilhas da existência, distrações do que é a nossa real missão.
Conheça os extremos sem medo, mas não se apaixone por eles também. Nem
alegria, nem tristeza; nem luz, nem trevas; nem prazer, nem dor; nem perdão,
nem rancor. Quem encontra o caminho do meio, encontra a si mesmo, e descobre
que isso basta.
Giordano Nârada
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