Outro dia me
procurei por aí, mas não me encontrei. Perguntei em todos os lugares, mas
ninguém soube de mim. No caminho, encontrei um homem chamado Cristão e
perguntei se ele sabia onde eu estava. Ele me disse que se eu encontrasse a
Cristo, me encontraria também. Segui pelo caminho que ele indicou, cada detalhe
com cuidado. Depois de muito tempo caminhando, descobri que estava andando em
círculos. Não encontrei, nem a Cristo, nem a mim.
Decidi
tentar outros caminhos, me procurar em algum outro lugar. O que não faltou foi
gente pra me ajudar. Havia um cara chamado Esoterismo, misterioso e atraente,
que parecia saber o caminho. Mas logo descobri que ele estava mais perdido do
que eu. Mesmo assim, Esoterismo me apresentou muita gente interessante. Seus
vários amigos do Oriente também tentaram me ajudar, mas no fim, todos estavam
perdidos também. Porém, depois de uma longa conversa com todos eles em uma
noite qualquer, me disseram que talvez eu não estivesse perguntando às pessoas
certas, afinal, nenhum deles sabia como eu era, já que nunca me conheceram. Com
então poderiam dizer onde eu estava?
Então
entendi que deveria perguntar onde eu estava para quem me conhecia de verdade.
Mas quem me conhece de fato?
De um
estalo, enquanto pensava sozinho a respeito dessas coisas, soube o que tinha
que fazer. Só havia uma pessoa que já havia me visto com sou de verdade e me
conhecia por completo: EU MESMO, só que no futuro.
Claro, como
eu não havia pensado nisso antes?
Coloquei meu
casaco e parti em direção ao futuro à procura de “EU MESMO”. Cruzei desertos e
mares, montanhas e vales. Enfrentei perigos, espadas, frio e fome. Conheci
muitos lugares lindos também, e enfim, cheguei ao meu destino. O Futuro.
Chegando ao
Futuro, fui recebido por “EU MESMO”, em um lugar solitário. Ele, aproximando-se
de mim, não me permitiu que falasse qualquer palavra, pois ali elas não eram
necessárias. “EU MESMO” me abraçou, e no calor de meu próprio abraço,
simplesmente compreendi:
“Você está onde não está. Nem aqui, nem lá,
mas em movimento. Portanto, estar é o verbo errado. Ser é o correto”.
Então tudo
ficou claro. Eu nunca poderia ter me encontrado com a ajuda de nenhum dos
amigos que conheci pelo caminho, porque nenhum deles é. Meus amigos estão, mas
não são. Já eu, embora esteja hoje aqui e agora, amanhã já não estarei aqui. Não
estarei porque sou, sempre em movimento.
Então,
finalmente descobri que o que eu precisava achar era a minha busca, e agora que
encontrei, posso continuar procurando.
Ser é estar
em movimento, seguindo sempre para onde não estou, mas apenas sou.
Giordano Narada
Itapema, Sc
06/03/2013
00:20
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