segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ME PERDI!

Eu queria que você existisse. Quando eu te criei, foi porque achei que pudesse ser real. Criei seu jeito de falar, seu amor por mim, seu carinho, seu cuidado com meu coração. Criei seu espírito guerreiro, sua alma sensível, sua inteligência, sua fé em mim, em você, em nós. Eu criei você.

Depois de todo o trabalho que tive pra te desenhar na minha cabeça, comecei a te procurar. Procurei nas ruas, nas praças, nas cidades, no campo, em todos os lugares imagináveis, e até mesmo alguns lugares inimagináveis, mas não encontrei você e, cansado, desisti.

De repente, você apareceu. Exatamente como eu havia desenhado, feita pra mim. Mas como eu havia desistido de procurar, não te reconheci. Depois de passar por você, na vida, fiquei com sua imagem na cabeça, como que tentando lembrar algo que havia esquecido. Depois de tempo e esforço, me lembrei, e doeu.

Quis tanto te encontrar, mas nunca consegui. Quando desisti, te encontrei, mas não te reconheci. Quando me lembrei de você, era tarde demais.

Te criei, te busquei, te encontrei, te perdi, me perdi...

E agora?

Giordano Narada
São Paulo, SP
28/08/2012
00:03

domingo, 12 de agosto de 2012

INSATISFAÇÃO


São 06:30 de Domingo e eu ainda não dormi. Acordei as 11 da manhã de sexta e não consegui mais dormir. Ouço o tic-tac irritante do relógio na parede, sentado no sofá da sala pensando que o tempo está passando e eu ainda não fiz nada que signifique alguma coisa além do ordinário na vida.

Meu corpo quer descansar, mas a minha mente não pode permitir. Dormir parece errado quando há tanto o que fazer.

Eu sofro de uma profunda insatisfação comigo mesmo e com o mundo. Acho que, em meio a 7 bilhões de pessoas com potencial ilimitado, há pouquíssimos espíritos corajosos que acreditam poder fazer alguma coisa pra transformar a realidade em que vivemos. A maioria de nós vive apenas com o propósito de sobreviver através maior número de anos possível, e para garantir que seus filhos continuem a fazer o mesmo quando crescerem. Mas, será mesmo que isso é viver? Eu acho que não.

Viver é atingir o seu máximo potencial, sendo o melhor que você pode ser, é realizar os sonhos que nascem da alma e ajudar outras pessoas a fazerem o mesmo. Pra mim, viver é atingir completamente o estado da realização pessoal. Sobreviver não é sinônimo de viver.

Não consigo dormir porque eu sei dessas coisas, e é minha Vontade que todos saibam o que eu sei, para que o mundo entre em ordem, mas o problema é que eu não faço a menor ideia de por onde começar. Por essa razão eu sofro de uma espécie de insatisfação crônica, que não me permite me sentir satisfeito com nada. Por um momento, parece que encontrei aquilo que eu precisava encontrar, mas, no momento seguinte, quando olho um pouco mais de perto, percebo que na verdade não era realmente o que eu estava procurando, e aquela canção do U2 parece continuar tocando, vez após vez em minha mente: “I still haven't found What I'm looking for – eu ainda não encontrei o que estou procurando”.

Eu queria mudar de música...

Giordano Narada
Ribeirão Preto, SP
12/08/2012
06:30am

sábado, 4 de agosto de 2012

DESEJOS X VONTADE


Diferenciar os desejos da Vontade é fundamental para encontramos o nosso caminho.

Desejos são reações emocionais e instintuais a estímulos externos, já a Vontade é o potencial buscando se expressar.

Muitos são os estímulos externos que nos provocam desejos, e na maioria das vezes vivemos em função deles. Desejamos um bom emprego, uma boa casa, um bom carro, um bom relacionamento amoroso, boas amizades e muitas outras boas coisas porque vivemos em uma sociedade que provoca esses desejos em nós.  Mas não nascemos com esses desejos, eles são gerados em nós à medida que vamos crescendo e sendo estimulados pelo que acontece ao nosso redor.

Existe em nós um desejo enorme de sermos aprovados pelo meio em que vivemos, e pra isso estamos dispostos a sacrificar a nossa individualidade, nos submetendo aos padrões impostos por uma minoria influente e poderosa, que provoca os desejos da maioria. É por isso que coisas como Moda possuem tanto sucesso. E quando somamos este desejo de aprovação ao instinto de sobrevivência, nos deparamos com a “Grande Massa” gastando a maior parte da sua vida trabalhando em funções criadas por essa minoria poderosa, sem o menor prazer em fazer isso, apenas para garantir a sua sobrevivência, trabalhando por dinheiro e não por um ideal, por um sonho, ou por Vontade. E o dinheiro ganho com esse trabalho é gasto com aquilo que nos disseram que devemos gastar, e não com a realização de nossos sonhos, ou nossa Vontade.

Nossos desejos são manipulados o tempo todo, sendo decididos por outras pessoas, estando os influenciadores conscientes ou não disso. A Vontade não é assim, pois ela não acontece de fora pra dentro, mas de dentro pra fora. A Vontade revela a nossa verdadeira identidade.

Cada pessoa é única. Ainda que tenha características similares a de outra pessoa, ainda que haja algum grau de afinidade profundo, parentesco, ou mesmo em caso de irmãos gêmeos, um nunca será igual ao outro. A combinação é sempre diferente. E assim como cada pessoa é única, cada Vontade também é única.

Como eu escrevi no começo, a Vontade é o potencial buscando expressão, e expressar essa Vontade é a única coisa que revela quem nós realmente somos e é a única coisa capaz de nos realizar. Os desejos não tem esse poder.

O caos em que vivemos é devido à ausência dessa compreensão. A “Grande Massa” tem seus desejos manipulados por uma minoria poderosa e doente, enquanto alguns poucos que ousam realizar a sua Vontade são chamados de malucos e calados por quem sequer ouviu o que estes “malucos” tinham a dizer. E depois de mortos, estes mesmos malucos são venerados como deuses, e suas palavras distorcidas e transformadas em mais uma ferramenta de manipulação da massa.

É verdade que alguns raros, quando conseguem furar o bloqueio da cultura vigente e realizam a sua Vontade, causam um impacto no mundo. Quando estes raros são capazes de não dar ouvidos as opiniões contrárias e não ter medo de enfrentar as consequências de suas “maluquices”, tornam-se aqueles que mudam o mundo, e o levam ao próximo nível, mas isso é realmente raro.

Mas quem são esses raros que mudam o mundo? São pessoas comuns, com nada de especial a não ser a coragem de fazer a sua Vontade. Ou, quando não é coragem, é simplesmente a falta de consciência de que poderia ser perigoso fazer a sua vontade. Assim, com simplicidade, fazem o que realmente querem, sem se importar com as consequências ou o resultado. Geralmente são os que não têm medo de errar, de se arrepender, de passar vergonha ou mesmo de morrer. O medo é o maior inimigo da Vontade.

Agora, a grande pergunta é como descobrir ou reconhecer a minha Verdadeira Vontade?

Penso que a resposta seja bem simples, porém não é nada fácil colocá-la em prática.

A Vontade está soterrada e perdida em meio à multidão de nossos desejos em sua maioria reprimidos. E nossos desejos reprimidos, frequentemente tornam-se doença emocional, o que torna mais difícil o trabalho. Para encontrarmos a nossa Verdadeira Vontade, é necessário, primeiro, removermos as pilhas e pilhas de desejos acumulados em nós, e para isso, não vejo outra maneira de fazê-lo senão realizando esses desejos.

Talvez você não concorde com isso, mas não pode dizer que não há lógica aqui. Desejo realizado já não mais existe. Agora, a questão é a coragem pra realizar esses desejos. O medo domina a maioria de nós, e tudo o que fazemos de um modo geral, é baseado em medo. Medo de não ser aceito, de passar vergonha, de passar fome, de morrer, de perder o que já conquistamos, e a lista continua. Mas precisamos ter a clareza de que, toda decisão baseada em medo, não tem relação com a Vontade.  Nossos instintos nos dominam, e somos como animais em nada diferentes de qualquer outro animal. A única coisa que pode nos diferenciar dos animais é a Vontade, e só viveremos a Vontade quando dominarmos nossos instintos.

Agora, qual é o limite para realizar nossos desejos?

Isso também é bastante simples, o limite é o espaço do outro. Cada homem e cada mulher é uma estrela, que possui a sua própria órbita, o seu próprio caminho, e o único “pecado” é a colisão. Enquanto você não estiver colidindo com a “órbita” de outra pessoa, não há limites. E quando você realizar seus desejos, ou vencê-los, sua Vontade aparecerá, e pra ela, também não há limites. Só que, diferente do desejo, a Vontade nunca colide com a Vontade de outra pessoa, porque ela é única, nunca será igual à de ninguém.

Mas o problema é que, quando você fizer aquilo que é a sua Vontade, provavelmente você entrará em rota de colisão com alguém, porque a maioria de nós ainda não está fazendo a sua Vontade, e por isso estão fora de sua órbita. Certamente alguém estará no seu lugar, e é aí que a coisa complica um pouco. É nesse ponto que os conflitos surgem, e ganhamos inimigos.

Não podemos ter medo de lutar por nossa Vontade, ainda que isso signifique um confronto direto com outras pessoas. Sempre vale a pena lutar para realizarmos nossos sonhos, nossa Verdadeira Vontade.

Eu sonho com o dia em que veremos muitas pessoas realizando a sua Vontade, e isso desencadeará uma onda que varrerá o planeta. Quando isso acontecer, o caos entrará em ordem, ninguém mais ocupará o lugar que não lhe pertence, e os sonhos serão realidade, sempre.

Utopia? Ilusão? Talvez. Mas o que me pergunto é: e se eu estiver certo?

Giordano Narada de Assunção
São Paulo, SP
04/08/2012
22:43